Construção da autonomia no processo de aprendizado discente : mudanças causadas pela pandemia da Covid-19 em cursos de Ciências Contábeis
Autor: Cristiano Carvalho Lopes (Currículo Lattes)
Resumo
No contexto educacional, há uma busca pelo desenvolvimento do senso de autonomia nos estudantes um elemento necessário para o avanço na aprendizagem. No entanto, poucos estudos na literatura brasileira investigam a autonomia em ambientes de aprendizagem. Este trabalho pretende estudar a motivação e autonomia de estudantes, fundamentadas pela Teoria da Autodeterminação, desenvolvida por Deci e Ryan (1985), e a partir da perspectiva da autonomia do estudante, fomentada por Bei, Mavroidis e Giossos (2019), dentre outros autores. O objetivo geral deste estudo é analisar o processo de construção da autonomia dos estudantes de Ciências Contábeis em relação à transição do ensino presencial para o ensino remoto sob a luz da Teoria da Autodeterminação. O estudo se caracteriza como descritivo e quali-quantitativo, operacionalizado por meio de um questionário on-line enviado a estudantes devidamente matriculados no curso de graduação em Ciências Contábeis de três Instituições de Ensino Superior localizadas no Estado do Rio Grande do Sul. A amostra da pesquisa obtida compreende 182 estudantes matriculados no segundo semestre de 2021. Os resultados da pesquisa foram analisados com o apoio da técnica de análise de estatística descritiva do software SPSS 25, cujos dados foram tratados segundo os estudos de Field (2009) e Fávero e Belfiore (2017). Por fim, foi realizada uma análise de conteúdo das respostas qualitativas seguindo quatro passos propostos por Bardin (2016), com apoio do software Atlas.TI. Os resultados do estudo foram parcialmente convergentes com os encontrados em estudos anteriores, provavelmente por conta do contexto de pandemia. Entende-se que os estudantes estão motivados pela regulação externa e identificada, seguido da motivação intrínseca: desejam obter uma vida de sucesso no futuro e estão motivados a aprender e ampliar seus conhecimentos. Em relação à autonomia, os resultados indicam que os estudantes não têm consciência de seu potencial autônomo, mas têm consciência da necessidade de se tornarem autores de seu próprio aprendizado. Os achados ainda revelaram que os discentes conseguiram adotar estratégias de autorregulação para aprender no contexto de pandemia. Por fim, os resultados, num aspecto geral, demonstram que os estudantes conseguiram avançar no que diz respeito à construção de sua autonomia, impulsionados pelos desafios impostos pela pandemia, mas continuam sendo muito dependentes do auxílio, da orientação e do suporte de seus professores. Assim, percebe-se que o ensino remoto foi o ponto de partida para que o discente tivesse mais dedicação. No que diz respeito às contribuições, presume-se que este estudo ajudará educadores e educadoras a se prepararem melhor para futuras situações de emergência e possibilita uma reflexão sobre a questão da autonomia discente no contexto de ensino da Contabilidade. Já em relação às implicações, são apresentadas possibilidades para a melhora da autonomia após a pandemia. Para a literatura nacional, este estudo estimula a elaboração de pesquisas que desenvolvam uma teoria que aborde a autonomia dos estudantes.